Olá amigos, tudo bem? Eu gostaria de continuar nossa conversa no mês de conscientização sobre a HII com mais um Relato de Caso.
É diferente quando ouvimos e/ou lemos os possíveis fatores que elevam a pressão intracraniana e nos deparamos com casos reais, de pessoas reais.
Já trouxe para vocês em postagens anteriores (http://vencendoahii.blogspot.com.br/2015/03/mais-um-artigo-para-complementar-nossas.html), (http://vencendoahii.blogspot.com.br/2015/03/hipertensao-intracraniana-idiopatico-o.html), a lista de alguns possíveis fatores que podem desencadear a Hipertensão Intracraniana Idiopática ou Pseudotumor Cerebral e sabemos que esta lista é imensa, mas descobrir essa fator é um dos grandes desafios para ter sucesso no tratamento.
Então, vamos deixar de papo e boa leitura.
Já trouxe para vocês em postagens anteriores (http://vencendoahii.blogspot.com.br/2015/03/mais-um-artigo-para-complementar-nossas.html), (http://vencendoahii.blogspot.com.br/2015/03/hipertensao-intracraniana-idiopatico-o.html), a lista de alguns possíveis fatores que podem desencadear a Hipertensão Intracraniana Idiopática ou Pseudotumor Cerebral e sabemos que esta lista é imensa, mas descobrir essa fator é um dos grandes desafios para ter sucesso no tratamento.
Então, vamos deixar de papo e boa leitura.
RELATO DE CASO
Paciente do sexo feminino, caucasiana, 23 anos,
procurou atendimento para tratamento de acne nódulo-cística. Após resultado insatisfatório com tratamento
tópico e sistêmico anterior, foi optado pela
terapêutica com isotretinoína oral. O peso da paciente
correspondia a 52 quilos, sendo calculada dose-alvo
de 6240mg (120mg/kg). Foi iniciado o tratamento em
setembro de 2011 com 20mg ao dia. Em dezembro
do mesmo ano foi aumentada a dose diária de 20 mg
para 40 mg. No final de janeiro de 2012, a paciente
iniciou quadro de cefaléia occipital, vertigem, turvação visual e edema palpebral bilateral. Não procurou
auxílio médico, interrompendo o medicamento apenas
3 semanas após o início do quadro. Na semana
seguinte, retornando em consulta, a hipótese de
pseudotumor cerebral foi aventada, e por avaliação
da neurologia, verificou-se papiledema ao exame do
fundo de olho, optando-se por internação hospitalar.
Foram excluídas outras causas de hipertensão craniana,
com exames de imagem sem anormalidades,
e através da raquimanometria encontrou-se pressão
aferida de 20cmH2O. Pela avaliação subsequente da
oftalmologia, foi verificado edema palpebral e conjuntival,
papiledema grau 4 bilateral e parâmetros
normais pela campimetria computadorizada. Função
renal e tireoideana sem alterações. O tratamento consistiu
em suspensão da isotretinoína, punção liquórica
para alívio da cefaléia, acetazolamina e prednisona
pela persistência da visão turva. Após 1 mês houve
regressão total da sintomatologia.
DISCUSSÃO
Os retinóides são amplamente utilizados para o
tratamento tópico e sistêmico de várias dermatoses,
como a psoríase, desordens de queratinização e acne
severa, além de tratamento ou quimioprevenção do
câncer de pele e outras neoplasias. A isotretinoína
encontra-se em ascensão, com um aumento de 250%
no número de receitas nos Estados Unidos entre 1992
e 2000. Em 2003, a isotretinoína foi colocada pela
Organização Mundial de Saúde na categoria de certamente
induzir hipertensão intracraniana.
O mecanismo fisiopatogênico dos retinóides em
desenvolver hipertensão intracraniana não é muito clara, mas postula-se que seu produto final, o ácido
trans-retinóico, induza a secreção de fluido cerebroespinal
e altere os constituintes lipídicos das vilosidades
aracnoides. Podendo, então, interromper os sistemas
normais de transporte e impedir a absorção do fluido
cerebroespinal nas vilosidades aracnoides.
Embora a síndrome seja relativamente benigna do
ponto de vista neurológico, pode levar a inúmeras alterações
oftalmológicas. O papiledema é o sinal mais
relevante para a suspeita e um dado extremamente
importante para o diagnóstico. Pode resultar em perda
visual insidiosa e de progressão lenta, o que normalmente
é reversível com o tratamento adequado. Defeitos
de campo visual são extremamente comuns nos
pacientes com síndrome do pseudotumor cerebral, e
podem acometer entre 49-87% dos pacientes durante
alguma fase da doença.
O diagnóstico é essencialmente de exclusão. É necessária
uma avaliação completa incluindo atenciosa
anamnese, avaliação oftalmológica e neurológica e
exames complementares (análise do líquor e neuroimagem)
para descartar uma causa secundária de hipertensão
intracraniana.
O preenchimento dos critérios diagnósticos (Tabela
1), juntamente com a investigação sobre uso dos
fármacos associados e com a exclusão de uma causa
secundária, diminui consideravelmente as chances de confusão ou atraso no diagnóstico da síndrome. Não
deve haver evidências de hidrocefalia, massa tumoral,
lesão vascular ou estrutural ao exame de imagem,
além de composição normal do liquor.
Para pacientes que estão em uso de retinóides,
deve ser evitada a utilização concomitante de tetraciclina
ou vitamina A, pois podem potencializar seus
efeitos no sistema nervoso central. Os pacientes que
estão em tratamento com retinóides orais e se queixam
de inexplicáveis dores de cabeça ou sintomas visuais,
devem comunicar imediatamente o profissional
médico responsável.
Revista da SPDV 72(3) 2014; Luana Oliveira Ramos, Paloma Mattos, Patricia Akel e cols.; Pseudotumor cerebral associado a isotretinoina
Fonte: http://revista.spdv.com.pt/index.php/spdv/article/view/288
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